sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Projeto Platônico


PROLOGO – Numero 21.

Ele estourou as janelas do pequeno quarto o qual havia passado quase a vida inteira, praticamente era o que ele conhecia do mundo. Pelos monitores os cientistas que acompanhavam o experimento durante anos estavam apavorados, menos um, este sorria enigmaticamente em sua sala de vidro enquanto acompanhava tudo pelos monitores, o experimento 21 tinha dado frutos.
Enquanto isso o numero 21 corria pelo pátio externo do complexo, as câmeras captavam seus movimentos, o cientista apenas observava o que o rapaz faria quando chegasse a borda e descobrisse estar em uma ilha.
Ele correu até não aguentar mais, e teve que parar bruscamente ao se deparar com um penhasco de mais de 150 metros de altura direto para o mar, olhou para trás e percebeu a movimentação dos fortes homens vestido de branco portando seringas com sedativos que ele conhecia muito bem, 21 fechou os olhos, sentiu a brisa do mar pela primeira vez na vida, então se atirou do despenhadeiro, os homens que vinham em seu encalço apenas observavam incrédulos o garoto de apenas 17 anos cair e então alguns segundos depois um vulto voar em direção ao horizonte, cortando o mar com o vento do seu corpo, como se fosse uma lancha em alta velocidade, sem tocar o mar desapareceu na distancia que os olhos podiam captar.
21 aterrissou na grama arrancando tufos do solo, tinha voado por muito tempo, mas ainda assim não se sentia seguro, no entanto estava faminto, precisava empurrar algo pela goela. Passou por uma casa no campo e pegou algumas roupas no varal.

CAPITULO UM

 Tudo começou com uma ideia de um jovem e brilhante cientista, ainda na década de noventa, era a maneira em que as nossas mentes se comportavam com os limites impostos pela suposta realidade, um cientista que adorava as peças filosóficas de Platão, surgiu o projeto sem limites, ou também conhecido como projeto platônico. 
De início foi difícil conseguir que a ideia fosse bem aceita pela comunidade cientifica, muitos duvidavam da possibilidade e ninguém queria fazer testes em cobaias humanas, então o Doutor Henry La Paz "doou" por assim dizer sua própria filha, que ficaria conhecida como "experimento numero um". Com o passar dos anos notou-se grande potencial que fora relacionado com "telepatia", embora céticos cientistas sempre duvidavam dos resultados, mesmo após seis anos, no entanto eram proibidos de dizer para a paciente que ela não detinha tais características  era esse o charme da pesquisa, pegar crianças e não impor limites referentes ao que o ser humano consegue ou não consegue fazer.
No meio da década de noventa o numero de crianças já era em torno de quarenta, a instituição usara seu grande renome e adotava essas crianças em orfanatos, dando a elas educação desde que não chegassem nos dogmas dos limites e as criavam como experimentos.
Quando Anabela fez dezesseis anos embora aos olhos dos cientistas ela não havia produzido maiores resultados desde que era criança, o chamado experimento Um já tinha dominado pequenas travessuras telepáticas e inclusive já conseguia ler mentes suficientemente bem para saber as intenções das pessoas, que direção elas iriam tomar, quando elas iriam se levantar, coisas pequenas, no entanto ficara quieta, na verdade ela tinha vontade de conhecer o mundo lá fora e não sabia o que fazer para sair dali, desde que seu pai fora tirado do controle das pesquisas ela estava determinada a fugir de alguma forma e por isso ela jurou a si mesmo que aumentaria seus poderes que a humanidade relutava em discutir a existência, foi quando percebeu o numero vinte e um. De todas as crianças ele era o mais calado, mas sempre estava a observando e de uma maneira perturbadora ela não conseguia boas leituras das suas intenções de pensamento.
Certo dia ela ouviu uma voz, procurou por todos os lados mas estava sozinha em seu quarto, a voz tornou a chama-la, então ela respondeu em pensamento.
- Quem é você?
- Sou eu Anabela, o numero vinte e um, demorou para eu entender como você fazia, mas se você consegue eu também deveria conseguir certo?
- Como assim? estamos realmente falando um com o outro por telepatia?
- Sim!
- Mas é a primeira vez que isso acontece, conversar com alguém dessa forma.
- Mas parece que só funciona com você, de alguma forma Anabela parece que as outras pessoas estão com suas mentes bloqueadas para esse tipo de coisa, eles não sabem usar, amanhã devemos tentar ensinar os mecanismos a eles.
- Não! Eles não podem saber ainda
- Por que não?
- Não acha estranho vivermos aqui dentro deste complexo, sabendo da existência de um  mundo inteiro para conhecer? Se contássemos a eles com certeza estaríamos condenados a viver aqui para sempre.
- Mas estamos aqui por que somos especiais.
- Sim foi o que eles disseram, mas depois de anos pressinto que alguma coisa está errada.
- O que acha de sairmos daqui então?
- Como faríamos?
- Eu destruo as paredes com minhas mãos e saímos daqui voando.
- Você consegue fazer isso?
- Ainda não, mas como vi pássaros outro dia, acho que também consigo.


(continua)


James Stone Garden

  veja os outros textos aqui


 CURTA A PÁGINA DO AUTOR NO FACEBOOK CLICANDO ABAIXO

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Não!

Não!

Não leia!
Torne-se ignorante
perante o ato

insensato de não ser.

Não seja!
Torne-se invisível
perante ao impulso
incansável de querer.
Não queira!
torne-se imparcial
diante do lapso
inconstante de viver.
Não viva!
Torne-se frágil
diante do fato
inevitável de morrer.



James Stone Garden

  veja os outros textos aqui


 CURTA A PÁGINA DO AUTOR NO FACEBOOK CLICANDO ABAIXO