sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Pais e filhos

     Talvez seja a primeira vez que eu escreva sobre isso, acho que eu deveria até ter escrito antes, as coisas que a vida faz conosco até chegar onde chegamos, até nos tornar quem deveríamos ser. Uma coisa que você deveria saber agora é que eu sempre me imaginei sendo pai, embora nunca tenha pensado em como meus pais se sentiam, ou como eu os fazia se sentir.
       Não sei dizer exatamente quando foi que começamos a tentar, mas talvez tenha sido em meados de 2015, ela parou de tomar anticoncepcionais e eu comecei a tomar as vitaminas e nada acontecia. Ora como ela já era mãe, pensei que o problema deveria está em mim. 
       Assim quando chegou a hora fui fazer os tais exames, espermograma, não sei se você já fez, é o ato de você ir ao hospital pra colher o esperma, e você tem que fazer isso manualmente, a enfermeira que te entrada o pote sabe, você se sente com vergonha, pois todas as vezes que você fez isso você fez escondido, não que não fosse normal, mas o fato de alguém saber o que você está fazendo naquela sala é estranho. 
    Quando eu peguei o resultado dos exames, não sabia o que sentir, o que significava aqueles 100% imóveis, 100% de formações imperfeitas, não precisava nenhum laudo médico, era claro como a água, eu não poderia ser pai, acho que foi aqui que a depressão me pegou mais forte, foi aqui que eu comecei a oerder o rumo, me desconectar da minha família, por sentir que eu iria deixar de existir, não seria imortalizado em um sorriso de uma criança que carregaria o meu Dna. Nesse momento eu me senti vazio, não era tristeza, era algo pior que isso, mas algo estava prestes a acontecer. 
 (Continua)


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